Se sua língua primária é o português, eu recomendo enfaticamente que dê uma olhada no Dharmanet, principalmente a parte que explica os fundamentos do Dharma.
Mas não fique só na leitura; é fundamental frequentar um centro de prática e lidar com pessoas de carne e osso. Há considerável polêmica a respeito de quais grupos e centros devem ou não ser considerados budistas. Eu pessoalmente não acho recomendável ser muito flexível nessa definição; devemos ter respeito, consideração e mente aberta em relação a todas as pessoas e grupos, mas isso não é motivo para tentar rotular de budismo a qualquer ensinamento ou prática, por menos relação que tenha com a doutrina bem definida que é tradicionalmente conhecida por esse nome.
Um grupo, ensinamento ou prática budista deve, portanto, enfatizar pelo menos a maioria destes pontos (não necessariamente sob estes nomes):
O que isso significa na prática? Que eu reconheço como budistas as escolas Theravada, Zen, Chan, Terra Pura e Vajrayana. Ao contrário do que muitos pensam - inclusive praticantes sinceros tanto do budismo quanto das crenças que vou citar agora - não há muita coisa particularmente budista no ensinamento da Seicho-No-Ie, na minha querida Fé Bahá'í ou no Movimento Hare Krishna, e muito menos no Espiritismo Kardecista. Alguns podem me considerar desrespeitoso por isso, mas o fato é que não devo condicionar o respeito que tenho por quem quer que seja à idéia de serem ou não budistas. Pelo mesmo motivo, uma série de cultos e seitas que mencionam o Buda não são realmente budistas. Não raro religiões francamente distintas como o Jainismo, o Taoísmo ou o Cristianismo mostram um domínio muito mais profundo e natural da proposta budista do que grupos que se apregoam budistas.
Especificamente - e esta afirmação choca muitas pessoas, mas precisa ser feita - crenças que enfatizam a idéia de reencarnação, de existência de uma alma imortal ou de uma divindidade criadora da existência não apenas não são budistas, mas não podem sequer ser consideradas próximas do budismo. Não quero com isso dizer que são crenças inferiores ao budismo, de forma alguma. Apenas não são similares.
Essa questão é um tanto espinhosa; com ênfase e seleção suficientes, qualquer crença pode ser afastada ou aproximada do Budismo tanto quanto quisermos. Por exemplo, a Parábola do Bom Samaritano do Evangelho de Lucas tem um ensinamento que, além de belíssimo, tem mais a ver com o ensinamento budista do que muitos grupos que garantem ser "O VERDADEIRO BUDISMO". Não há substituto para o discernimento. O ensinamento está onde o encontramos, e não deve haver dúvida de que mesmo nos grupos mais desorientados podemos encontrar pessoas bem-intencionadas, capazes e corajosas. Por outro lado, não parece nada sábio simplesmente ignorar as polêmicas que envolvem certos grupos que são de alguma forma associados ao ensinamento do Buddha. Ignorância também é um mal, e ainda hoje há muitos que pensam, por exemplo, que Lobsang Rampa, o autor britânico que foi uma coqueluche no Brasil na década de 1970, foi de alguma forma realmente um praticante do Budismo - no entanto, mesmo deixando de lado a bem documentada falsidade factual dessa idéia, não devemos ignorar o fato de que seus livros pouquíssimo tem a ver com o ensinamento budista. Eu poderia citar outros exemplos bem conhecidos, mas talvez seja melhor simplesmente lembrar que a escolha de um instrutor ou grupo espiritual é uma decisão séria e potencialmente nociva.
Dito isto, estas páginas podem vir a ser úteis para localizar centros de prática budista:
http://buddhanet.net/americas/budc_br.htmExistem muitos excelentes mestres de Budismo na atualidade. Muitos deles escreveram e escrevem livros bastante inspiradores, mas não deixe de buscar a prática diária e pessoal, nem de selecionar com bastante critérios seus mestres e orientadores.
A imagem que ilustra esta página foi adaptada a partir de outra, generosamente oferecida pela Buddhanet.