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Aviso: o conteúdo desta classificação de religiões e deste glossário é representativo de minhas opiniões sobre o assunto. Como tal, é também, definitivamente, imperfeito, incompleto, questionável e quase certamente injusto em algum ponto.
Optei por ser sincero em vez de politicamente correto, mesmo que essa atitude possa trazer desconforto. Críticas e correções são bem-vindas pelo e-mail, e quando reconhecer essa necessidade, farei correções.
Classificação das opções de fé (outras classificações podem ser encontradas aqui, aqui e aqui)
Ateísmo |
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Agnosticismo | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Teísmo |
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Budismo | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Taoísmo |
O Deísmo é frequentemente confundido também com o Ateísmo e o Humanismo Secular, ou mesmo visto como uma etapa intermediária no caminho até o Ateísmo. Sem entrar neste mérito, acho importante lembrar que os deístas acreditam em um Deus Criador, e não costumam sentir-se confortáveis com afirmações de que isso não é verdade.
Doutrina que se pretende simultaneamente Filosofia, Ciência, Arte e Religião, o Espiritismo é frequentemente dividido em Espiritismo Kardecista (baseado nos ensinamentos de Allan Kardec, e particularmente popular no Brasil, e possivelmente em Portugal e na França) e outras formas, que segundo os kardecistas incluiriam a Umbanda e o Candomblé.
O espiritismo é uma das maiores forças religiosas no Brasil, e das que mais crescem. Possivelmente sua única concorrência séria, em termos de crescimento, são certas variantes mais agressivas das igrejas evangélicas e os movimentos carismáticos da igreja católica - movimentos que, como ele, tem um grande apelo junto a multidões em busca de conforto mais imediato e concreto, ou pelo menos de respostas mais diretas sobre os motivos para a ausência desse conforto. Aparentemente, também é popular em Portugal e na França.
De todas as religiões reveladas numericamente importantes, o Espiritismo provavelmente é a mais questionável e, proporcionalmente, mais nociva. Os textos de Allan Kardec foram desde o início moldados pela mentalidade Positivista de sua época, e até hoje, a despeito dos esforços sinceros de muitos de seus praticantes em exercitar de discernimento e boa vontade em seus cultos, a Doutrina Espírita permanece sendo um dos melhores exemplos vivos, simultaneamente, do poder do condicionamento falacioso e do poder da boa vontade humana.
A teoria espírita tem características muito nítidas. Em primeiro lugar, evidencia-se uma pretensão inabalável de ter todas as respostas. Enunciar um dogma para logo em seguida procurar demonstrar que é um "fato provado" definindo-o a partir de um outro dogma (ou mais de um) é um exercício dos mais rotineiros dentro desta fé.
Mas os fiéis são pessoas de carne e osso, quase sempre em uma busca sincera, e ainda mais frequentemente com muita boa vontade para com o semelhante. O resultado inevitável é que os espíritas (numerosos no Brasil) realizam muitas obras boas.
É difícil ignorar uma mensagem emocionalmente tão poderosa, e as falácias repetidas com tanta frequência e paixão em pouquíssimo tempo passam a ser "sentidas" como verdade. Muitos espíritas gostam de lembrar que suas crenças se baseiam em "estudos científicos", embora isso realmente nada tenha de verdade. Para um espírita típico, é muito difícil compreender que o dogma é incompatível com a ciência, e de fato a atitude de esperar pacientemente pelo dia em que os não-espíritas "evoluam a ponto de aceitar a verdade de seus ensinamentos" é muito comum e até mesmo compulsiva. Embora tenham pouco interesse real em pesquisar outras filosofias e religiões, os espíritas são muito ágeis em mostrar evidências de que "a verdade por trás" dessas outras crenças é a espírita. Para uma população em busca de respostas, o espiritismo é um verdadeiro banquete; em marcante contraste com as religiões orientais que também se apressa em "explicar", os textos espíritas, embora procurem lembrar a importância do discernimento, oferecem respostas prontas em abundância. Terreno fértil para o desenvolvimento de uma atitude de arrogância dissimulada, a crença espírita lembra aquelas pessoas que afirmam não ser racistas, "pois até tem amigos negros". O engano pode ser (e frequentemente é) inconsciente e muito sincero, mas continua sendo muito diferente da verdade.
A natureza quádupla da doutrina também é usada com bastante criatividade. Sendo "Ciência, Filosofia, Arte e Religião", o espiritismo pode ser facilmente esquivado de questionamentos; no momento em que se evidencia uma das rachaduras lógicas de sua doutrina, somos lembrados ou de que provavelmente entramos agora no domínio de um dos outros três pilares da Doutrina, ou conclamados a confiar em que a contradição é aparente, mas ilusória, pois "há uma ciência" por trás desse dogma. Ou, alternativamente, "foi a vontade" de Deus ou dos Espíritos evoluídos.
A imagem de incentivador da violência que o Islamismo tem no ocidente é em larga parte injusta. A religião em si é bastante antiga, mas em última análise é decisão de cada fiel quão tradicional, fundamentalista e agressivo ele quer ser. Diga-se de passagem, o mesmo vale para o Cristianismo - o conflito entre protestantes e católicos na Irlanda do Norte pode perfeitamente ser descrito como "guerra entre cristãos" sem faltar para com os fatos.