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8. O Ensinamento do Meio 


Compreender o princípio da Origem Dependente, diz-se, é ter o Entendimento Correto (sammaditthi). Esse Entendimento Correto é um tipo de entendimento equilibrado que não tende para os extremos. Portanto, o princípio da Origem Dependente é uma lei que ensina a verdade de modo medial e imparcial, conhecido como o Ensinamento do Meio. A mediania dessa verdade pode ser entendida com mais clareza quando comparada com outros ensinamentos. Para demonstrar como o princípio da Origem Dependente difere desses entendimentos extremados, iremos agora apresentar algumas dessas idéias, organizadas em pares, empregando as palavras do Buda como explicação e mantendo os comentários adicionais num nível mínimo.

 

Primeiro Par:

 

1. Atthikavada: A escola que sustenta que todas as coisas realmente existem (realismo transcendental).

 

2. Natthikavada: A escola que sustenta que todas as coisas não existem (niilismo).

 

“Senhor, diz-se: ‘Entendimento correto, entendimento correto’. Com referência a que existe entendimento correto?”

 

Em geral, Kaccayana, este mundo é  suportado por (toma como seu objeto) uma polaridade, a da existência (atthita) ou não existência (natthita). Mas quando alguém percebe com discernimento correto a origem do mundo, tal como na verdade ela é, a noção de ‘não existência’ em relação ao mundo não lhe ocorrerá. Quando alguém percebe com discernimento correto a cessação do mundo, tal como  na verdade ela é, a noção de ‘existência’ em relação ao mundo não lhe ocorrerá.

           

Em geral, Kaccayana, este mundo é escravizado por vínculos, apegos (sustentações) e propensões. Mas uma pessoa como essa não se envolve ou se apega a esses vínculos, apegos, fixações da consciência, inclinações ou obsessões; nem estará ela apegada a ‘isto é o meu eu;’ ela pensa, o sofrimento que está sujeito a surgir, surge; e o sofrimento que está sujeito a cessar, cessa. Essa pessoa não duvida ou está perplexa. Nisso, o conhecimento dela não depende dos outros. É com referência a isso, Kaccayana, que existe o entendimento correto.

 

“’Tudo existe’”: Esse é um extremo. ‘Tudo não existe’: Esse é um outro extremo. Evitando esses dois extremos, o Tathagata ensina o Dhamma pelo meio: Da ignorância como requisito necessário surgem as formações. Das formações... consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações. Da cessação das formações, cessa a consciência…” [SN.II.16-17, 76; SN.III.134] (SN.XII.15)

 

* * *

Um brâmane se aproximou do Buda e perguntou, “Venerável Gotama, todas as coisas existem?”

O Buda respondeu, “A idéia de que todas as coisas existem é um entendimento materialista extremo.”

Pergunta: Então todas as coisas não existem?

Resposta: A idéia de que todas as coisas não existem é o segundo entendimento materialista.

P: Todas as coisas, então, são únicas?

R: A idéia de que todas as coisas são únicas é o terceiro entendimento materialista.

P: Todas as coisas, então, são uma pluralidade?

R: A idéia de que todas as coisas são uma pluralidade é o quarto entendimento materialista.

“Brâmane! O Tathagata proclama um ensinamento que é equilibrado, evitando esses extremos, assim, ‘Da ignorância como requisito necessário surgem as formações; das formações como requisito necessário surge a consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações. Da cessação das formações, cessa a consciência…...'" [SN.II.77]

 

Segundo Par:

 

1. Sassatavada: A escola da imortalidade

 

2. Ucchedavada: A escola da aniquilação

 

Terceiro Par:

 

1. Attakaravada ou Sayankaravada: A escola que sustenta a idéia de que a felicidade e o sofrimento são totalmente autodeterminados (autogênese kammica)

 

2. Parakaravada: A escola que sustenta a idéia de que a felicidade e o sofrimento são totalmente causados por fatores externos (heterogênese kammica).

 

O segundo e terceiro pares são muito importantes para a essência do ensinamento Budista. Se forem estudados e compreendidos de forma clara, podem ajudar a evitar muitos mal-entendidos sobre a lei de kamma.

 

Pergunta: O sofrimento é causado pelo eu?

Resposta: Não diga isso.

P: O sofrimento é causado por fatores externos?

R: Não diga isso.

P: O sofrimento então é causado por ambos, pelo eu e por fatores externos?

R: Não diga isso.

P: O sofrimento então não é causado nem pelo eu e nem por fatores externos?

R: Não diga isso.

P: Nesse caso, não existe essa coisa de sofrimento?

R: Não é que não exista essa coisa de sofrimento. O sofrimento existe.

P: Nesse caso, o Venerável Gotama não vê ou não conhece o sofrimento?

R: Não é que eu não veja ou não conheça o sofrimento. Eu de fato conheço e vejo o sofrimento.

P: Que o Abençoado então, por favor, me diga, por favor, me instrua sobre o sofrimento.

R: Dizer que ‘o sofrimento é causado pelo eu,’ é o mesmo que dizer ‘aquele que age recebe os resultados (sofrimento).’ Isso tende para a idéia da imortalidade (sassataditthi). Dizer ‘o sofrimento é causado por outros agentes,’ como uma pessoa que experimenta sensações dolorosas e penetrantes sentiria, é como dizer que ‘uma pessoa age e uma outra sofre.’ Isso tende para a idéia da aniquilação (ucchedaditthi). O Tathagata, evitando esses dois extremos, proclama um ensinamento que é equilibrado, assim, ‘Da ignorância como requisito necessário surgem as formações; das formações como requisito necessário surge a consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações. Da cessação das formações, cessa a consciência…...'" [SN.II.19]

 

* * *

 

Pergunta: A felicidade e o sofrimento são causados pelo eu?

Resposta: Não diga isso.

P: A felicidade e o sofrimento são causados por fatores externos?

R: Não diga isso.

P: A felicidade e o sofrimento são causados por ambos, pelo eu e por  fatores externos?

R: Não diga isso.

P: A felicidade e o sofrimento então não são causados nem pelo eu e nem por fatores externos?

R: Não diga isso.

P: Nesse caso, não existe a felicidade e o sofrimento?

R: Não é que não exista a felicidade e o sofrimento. A felicidade e o sofrimento existem.

P: Nesse caso, o Venerável Gotama não vê ou não conhece a felicidade e o sofrimento?

R: Não é que eu não veja ou não conheça a felicidade e o sofrimento. Eu de fato conheço e vejo a felicidade e o sofrimento.

P: Que o Abençoado então, por favor, me diga, por favor, me instrua sobre o sofrimento.

R: Compreendendo desde o princípio que a sensação e o eu são um e a mesma coisa, existe a noção, pela qual há apego, de que a felicidade e o sofrimento são causados pelo eu. Eu não ensino isso. Compreendendo que a sensação é uma coisa e o eu outra, existe a noção, pela qual há apego, de que a felicidade e o sofrimento são causados por fatores externos. Eu não ensino isso. O Tathagata, evitando esses dois extremos, proclama um ensinamento que é equilibrado, assim, ‘Da ignorância como requisito necessário surgem as formações; das formações como requisito necessário surge a consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações.  Da cessação das formações, cessa a consciência …...'" [SN.II.22]

 

* * *

 

“Ananda, eu digo que a felicidade e o sofrimento possuem origem dependente. Dependente de que? Dependente do contato (phassa).

 

“Na dependência do corpo e da volição em relação ao corpo, a felicidade e o sofrimento podem surgir. Na dependência da linguagem e da volição em relação à linguagem, a felicidade e o sofrimento podem surgir. Na dependência da mente e da volição em relação à mente, a felicidade e o sofrimento podem surgir.

 

“Com esta mesma ignorância como condição, ações corporais, que são a causa da felicidade e do sofrimento interno, são criadas. Na dependência de outras pessoas (instigado por outra pessoa ou força externa), ações corporais, causa da felicidade e do sofrimento interno, são criadas. Com a consciência, atividades corporais volitivas, causa da felicidade e do sofrimento interno, são criadas. Sem consciência, atividades corporais volitivas, causa da felicidade e do sofrimento interno, são criadas...linguagem volitiva é criada…pensamentos volitivos são criados…instigados por outros…com consciência…sem consciência. Em todos esses casos, a ignorância está presente.”[21]

 

Quarto Par:

 

1. Karakavedakadi-ekattavada: A crença de que o agente e aquele que experimenta o fruto das ações são um e a mesma coisa (a idéia monística de unidade sujeito-objeto).

 

2. Karakavedakadi-nanattavada: A crença de que o agente e aquele que experimenta o fruto das ações são coisas separadas (a idéia dualista da distinção entre sujeito-objeto).

 

Pergunta: O agente e o recebedor são um e a mesma coisa?

Resposta: Dizer que o agente e o recebedor são um e a mesma coisa é um extremo.

P: Então, o agente é uma coisa e o recebedor outra?

R: Dizer que o agente é uma coisa e o recebedor outra, é um outro extremo. O Tathagata, evitando esses dois extremos, proclama um ensinamento que é equilibrado, assim, ‘Da ignorância como requisito necessário surgem as formações; das formações como requisito necessário surge a consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações. Da cessação das formações, cessa a consciência…'" [SN.II.75]

 

* * *

 

Pergunta:Venerável Gotama, o que é o envelhecimento e morte? A quem eles pertencem?

Resposta: Você fez a pergunta de modo não apropriado. Dizer um dos dois, ‘O que é o envelhecimento e morte, a quem eles pertencem,’ ou ‘envelhecimento e morte são uma coisa, quem experimenta isso é outra,’ equivale a dizer a mesma coisa, essas afirmações diferem apenas na letra. Quando existe a idéia, ‘o princípio vital e o corpo são um e a mesma coisa,’ não pode haver a vida santa (brahmacariya). Quando existe a idéia, ‘o princípio vital e o corpo são duas coisas distintas,’ não pode haver a vida santa. O Tathagata, evitando esses dois extremos, proclama um ensinamento que é equilibrado, assim, ‘Do nascimento como requisito necessário surge o envelhecimento e a morte.’

P: Venerável Senhor, nascimento… vir a ser… apego… desejo… sensação… contato… os meios dos sentidos…mentalidade-materialidade … consciência… impulsos volitivos… O que é tudo isso? A quem tudo isso pertence?

R: Você fez a pergunta de modo errado… (como no caso de envelhecimento e morte)… Devido ao completo abandono da ignorância, quaisquer idéias que existam, que sejam confusas, ambíguas e contraditórias, tais como ‘O que é o envelhecimento e morte, a quem eles pertencem?,’ ‘Envelhecimento e morte  são uma coisa, quem experimenta isso é outra coisa,’ ‘O princípio vital e o corpo são um e a mesma coisa,’ ‘O princípio vital e o corpo são duas coisas distintas,’ são eliminadas, acabadas, abandonadas e incapazes de surgir novamente. [SN.II.61]

 

* * *

 

Pergunta: Quem é aquele que recebe o contato?

Resposta: Você fez a pergunta de modo errado. Eu não digo ‘recebe o contato.’ Se eu dissesse ‘recebe o contato,’ você poderia, nesse caso, com razão fazer essa pergunta, ‘Quem é aquele que recebe o contato?’ Mas eu não digo isso. Perguntar ‘em qual condição está baseado o contato?’ Seria perguntar de modo correto. E a resposta correta seria, ‘Dos meios dos sentidos como requisito necessário, surge o contato. Do contato como requisito necessário, surge a sensação.’

 

P: Quem é aquele que experimenta a sensação? Quem é aquele que deseja? Quem é aquele que se apega?

R: Você fez a pergunta de modo errado… Perguntar ‘Em qual condição está baseada a sensação? O que é que condiciona o desejo? O que é que condiciona o apego?’ seria perguntar de modo correto. Nesse caso, a resposta correta seria, ‘Do contato como requisito necessário surge a sensação; da sensação como requisito necessário surge o desejo; do desejo como requisito necessário, surge o apego.’ [SN.II.I3]

 

* * *

 

“Bhikkhus, este corpo não lhes pertence, nem pertence a um outro. Vocês devem vê-lo como kamma passado, formado por condições, nascido das volições, a base para as sensações.”.

 

“Com relação a isso, bhikkhus, o nobre discípulo, bem instruído, considera de modo sábio a origem dependente de todas as coisas, assim, ‘Com o surgimento disso, aquilo surge. Com a cessação disto, aquilo cessa. Isto é, ‘Da ignorância como requisito necessário surgem as formações; das formações como requisito necessário surge a consciência...Do desaparecimento e cessação sem deixar vestígios dessa mesma ignorância ocorre a cessação das formações. Da cessação das formações, cessa a consciência…'" [SN.II.64]

 

O ensinamento da Origem Dependente mostra a verdade de todas as coisas na natureza como tendo as características de impermantes, insatisfatórias e não-eu, [*] e prosseguindo de acordo com causa e efeito. Não existe necessidade de questionar a existência ou não existência das coisas, se elas são eternas ou se são aniquiladas e assim por diante, pois esse tipo de questões não fazem parte daquilo que é verdadeiramente útil. No entanto, sem o claro entendimento da Origem Dependente, as Três Características, em especial o não-eu, também será mal interpretado. Com freqüência o ensinamento do não-eu é interpretado como significando o nada, que está de acordo com a visão niilista (natthika), uma forma particularmente perniciosa de entendimento incorreto.

 

Além de ajudar a evitar esse tipo de idéia, a compreensão clara do princípio da Origem Dependente irá evitar o surgimento de idéias acerca de uma Gênese ou Primeira Causa,  tal como mencionado no início deste livro. Algumas palavras do Buda a esse respeito:

 

“Bhikkhus, para um nobre discípulo, que vê o surgimento dependente das coisas em conformidade com o princípio da Origem Dependente, é impossível cair em idéias extremas tais como: ‘O que fui no passado? Como eu era no passado? Tendo sido o que no passado, me tornei assim?’; ou idéias como, ‘No futuro, existirei? No futuro o que serei? No futuro como serei? No futuro no que me transformarei?’; ou, ‘Eu sou? O que sou? Como sou? De onde  surgiu este ser e para onde irá?’ – nenhuma dessas dúvidas podem surgir nele.

Porque? Porque aquele nobre discípulo viu o surgimento dependente das coisas em conformidade com o princípio da Origem Dependente, com clareza, tal como é, com sabedoria perfeita.”[SN.II.26]

 

Nesse contexto, alguém que vê o princípio da Origem Dependente não estará mais inclinado a especular acerca de questões metafísicas. É por isso que o Buda permanecia em silêncio em relação a esses temas. Ele chamava esse tipo de questões abyakatapañha – questões que é melhor deixar sem resposta. Ao ver o princípio da Origem Dependente, e compreender como todas as coisas fluem ao longo do contínuo de causa e efeito, essas questões perdem todo o sentido. Aqui vamos considerar algumas das razões porque o Buda não respondia essas questões:

 

“Venerável Gotama, qual é a razão pela qual, quando os contemplativos de outras seitas sendo assim questionados:

 

1. O mundo é eterno?

2. O mundo não é eterno?

3. O mundo é finito?

4. O mundo é infinito?

5. O princípio vital e o corpo são a mesma coisa?

6. O princípio vital e o corpo são separados?

7. Os seres existem após a morte?

8. Os seres não existem após a morte?

9. Os seres tanto existem como não existem após a morte?

10. Os seres nem existem, nem não existem após a morte?...

 

...dão respostas como ‘O mundo é eterno,’ ou ‘o mundo não é eterno,’…’Seres nem existem, nem não existem após a morte,’ mas o venerável Gotama, sendo assim questionado, não responde?”

 

“Nesse ponto, Vaccha, esses contemplativos de outras seitas acreditam que a forma é o eu ou que o eu possui forma material, ou que a forma material está no eu, ou que o eu está na forma material; ou que a sensação... percepção... formações... consciência é o eu, ou que o eu possui consciência, ou que a consciência está no eu, ou que o eu está na consciência. É por essa razão que aqueles contemplativos, ao serem assim questionados, respondem dessa forma.

 

“Mas o Tathagata, Arahant, realizado, plenamente desperto, não compreende que a forma é o eu ou que o eu possui forma material, ou que a forma material está no eu, ou que o eu está na forma material; ou que a sensação... percepção... formações... consciência é o eu, ou que o eu possui consciência, ou que a consciência está no eu, ou que o eu está na consciência. Por essa razão, o Tathagata, Arahant, realizado, plenamente desperto, ao ser assim questionado, não faz essas afirmações ‘o mundo é eterno’ ou ‘o mundo não é eterno.’”[22]

 

Existe uma grande quantidade de outras teorias ou escolas que têm uma relação especial com o conceito de kamma e que também conflitam com o princípio da Origem Dependente. Esses casos estão cobertos no livro Kamma nos Ensinamentos do Buda.

 

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Notas:

 

21. SN.II.39; para mais estudos veja DN.I.53 (DN 2); SN.I.134; DN.III.137 (DN 29).[Retorna]

 

[*] As Três Características: anicca, dukkha e anatta. [Retorna]

 

22. SN.IV.395; as razões porque o Buda se recusava a responder perguntas que lidavam com a metafísica eram muitas. O mais importante é que essas questões estão baseadas em premissas incorretas, tal como a idéia de um eu. Elas não têm correlação com a realidade. Como diria o Buda, “Você fez a pergunta de modo errado.” Outra razão para o silêncio é que as verdades que essas questões perseguem não podem ser alcançadas pelo pensamento lógico e não podem ser respondidas por meio de palavras. É  como tentar ver um quadro com as orelhas, esse tipo de deleite é uma perda de tempo. Outra razão, visto que tais questões são inacessíveis para o pensamento racional, debatê-las não trará resultados práticos. O principal interesse do Buda foi de proporcionar ensinamentos que produzissem resultados em termos práticos, assim ele abandonou as questões metafísicas e ao invés disso, guiava os inquisidores para temas mais práticos. Se a questão fosse do tipo que pudesse ser respondida com base na experiência pessoal, o Buda, ao invés de prolongar as conjecturas ou o debate, mostrava ao inquisidor como ele poderia realizar aquilo por ele mesmo. Por último, o Buda nasceu numa época em que as questões metafísicas geravam intenso interesse, professores e filósofos as debatiam intensamente em todo o país. Sempre que as pessoas se aproximavam de mestres religiosos ou filósofos elas tendiam a fazer esse tipo de perguntas. Essas perguntas se transformaram em tal obsessão que as pessoas tinham perdido a noção da realidade prática; é por isso que o Buda não as respondia e permanecia em silêncio. O seu silêncio não era só para refrear as discussões metafísicas, mas também um choque poderoso no ouvinte para que prestasse atenção àquilo que o Buda tinha para ensinar. Para as referências dessas razões para não responder, veja MN.I.426 (MN63), MN.I.484 (MN72); SN.II.222-3; SN.IV.375; AN.IV.68; AN.V.193.[Retorna]  


Revisado: 8 Fevereiro 2003